Eu já aprendi a falar do senhor e da sua partida sem chorar, vozinho. Com muito custo, confesso. Mas é inevitável ver algumas coisas e, principalmente, ouvir algumas coisas, sem lembrar do senhor. E hoje, quando vi o post da Mayinha, foi impossível me controlar, vô.
Ainda mais nessa época... É tão bom lembrar, seu Ney, das nossas brigas, das nossas brincadeiras, do senhor implicando com meu cabelo, gritando pela número 1 ou sair cantarolando 'Caiarolina' pela casa.
Por outro lado, é tão triste pensar que já vão se fazer dois anos e a sua ausência toma proporções cada vez maiores em mim. Eu odiava, vô, o cheiro que o senhor tinha de café com cigarro, e hoje gosto tanto quando sinto um pouquinho desse cheiro em alguém.
Me irritavam, por vezes, as histórias que o senhor inventava, e hoje me pego as contando. Sem perceber, também estou volta e meia cantando músicas que o senhor ouvia sem fim.
Vejo tanto do senhor no meu espelho. Em uma das minhas unhas, que tem o mesmo defeito que a do senhor tinha. Nos meus cabelos, que esbranquiçam mais rápido que nunca. Na vontade, seu Ney, de confortar todo mundo que se gosta.
Eu queria, vô, poder ver o senhor mais uma vez, ao menos. Queria poder dizer o quanto incomoda a falta que o senhor faz. Queria que soubesse que eu sempre me orgulhei do homem que o senhor foi, com todos os defeitos e limitações. E que eu tenho a certeza - ou quero ter - de que vamos nos encontrar um dia. E que o senhor só se foi antes para ajeitar tudo e ter a certeza de que vamos ficar bem quando chegarmos.
Um comentário:
Sexta feira, 18/12 - meio de uma crise braba de alergia, mal conseguindo respirar, venho em casa tomar um banho, tomar remedio pra conseguir chegar ao fim do dia - com espirito de sexta feira 13.
Depois do banho venho aqui fazer algo, que agora nem sei. E leio este post. E me acabo em pranto, porque ainda luto pra lidar com esta falta, esta dor, este vazio, este nunca mais. Não consegui postar um comentario no dia. Nem no outro, nem no outro. Hoje tô (mais) inteira.
È lindo seu texto, filha.
E sim, seu avô sabe. Onde quer que esteja, ele sabe.
Eu te amo, menininha.
E tô com saudade.
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