Eu tenho invejinha às vezes, sabe. Invejinha e um ciuminho bobo, também. Afinal, a escritora era para ser eu, e não você.
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Mas olha só. A escritora é você. E ponto.
Às vezes eu não consigo entender como você se transformou, quando se transformou. Ou se você sempre foi assim, só eu que não percebi.
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Eu sei que grande parte disso é culpa minha. Da distância.
Não, não a distância geográfica - essa não é nada, no mundo conectado de hoje. Mas da distância que eu impus. Que eu imponho.
Essa distância que eu imponho quando digo: "ei, poupe-me dos detalhes sórdidos, please!". Essa distância que eu imponho quando pareço não me importar com as coisas que você me conta (não parece, mas eu me importo, e adoro ouvir você falar!). Essa distância que eu imponho quando eu simplesmente me calo.
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Eu sei que isso não serve de consolo, mas acredite: é você quem está mais perto de mim. Sempre.
E eu não digo isso apenas falando de família - não. Isso acontece com todos em minha volta.
Eu morro de inveja da facilidade que você tem em se abrir. Em se expor. Em se impor.
Morro de ciúmes, também.
Ciúmes dos seus amigos, que sabem mais da sua vida do que eu. Dos detalhes. Eu não conheço sequer a sua casa, não sei o nome das pessoas que moram nela. Sequer o seu cachorro eu conheço!
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Mas, olha pra você. Tão linda... Eu não sei se que já disse isso antes - acho que eu nunca quis assumir isso, aquela velha história da invejinha -, mas você é linda. Por fora e por dentro. E escreve do mesmo jeito "lindamente" de ser. E se expõe, sem medo.
E eu adoro tudo aquilo que você escreve. E que, às vezes, me deixa sem palavras. E que, sempre, me surpreende. E que me deixa feliz, também. Por poder conhecer-te um pouquinho mais. E que tanto me orgulha por ter a ti como irmã.
4 comentários:
Mayinha, você é sempre uma caixinha de surpresas. Porque até a última frase, eu achei que fosse a mãe escrevendo. E eu fui lendo e pensando no que ia comentar, mas, caracas, você me deixou sem palavras, Mayinha.
Acho que essa coisa de invejinha é de irmãs mesmo. Porque eu sempre quis tanto ser metade do que você é, menina. Sempre quis que você percebesse que é linda, inteligente, importante, essencial.
Mas, só pra você saber, se tem alguma coisa de mim que você não sabe, é pelo medo que eu tenho de você não me ver mais assim. E que você é, sem dúvida, o maior amor da minha vida, trem.
E eu queria a gente mais perto, mesmo brigando. Fisicamente falando, porque adoro estar com você. Você é tudo na minha vida, Mayinha. Te amo.
Ah, e vc é escritora. Uma das melhores que conheço. Que não tem produzido, só...
Ô, Maya!
Que coisa mais linda de se ler. Jurava que era Lu, jurava.
Coisa mais linda vc.
Coisa mais a Paula.
Lindos vcs duas.
=)
Tem alguns textos que leio e penso: nossa, como é que eu não escrevi isto? E não, este não é um deles. Primeiro, porque obviamente eu sabia que não tinha escrito. Depois porque fala de uma cumplicidade com a qual sonhei a vida toda e nunca tive, porque a Tata só chegou quando eu tinha 18 anos. Depois, ainda, porque já nas primeiras palavras Maya se entregou: "...a escritora era para ser eu...". Ainda que a verdade seja a que Paula escreveu: "vc é escritora. Uma das melhores que conheço."
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Poizé, mas este é um texto que não escrevi e que me enche de orgulho. Por todas as nuances ditas e não ditas, em linhas e entrelinhas. E por te expor sem medo, e expor este amor e cumplicidade entre vocês que me fazem tão feliz.
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Qual é a mãe, me diga, que pode dizer com orgulho sem medo de errar: "tenho duas escritoras de primeiro quilate lá em casa...".
Euzinha posso. E amo.
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