...hoje à tarde estava atravessando a rua ao lado de minha mãe, na faixa de pedestres e brincando com o anel que ganhei da Aninha na escola, quando ele caiu. Parei, procurando no chão quando ouvi um grito apavorado, que me assustou muito - mas não tanto quanto o tapa que levei na cabeça, acompanhado de um safanão:
- Você tá louca, menina? Como é que para no meio da rua?
- Meu anel! O anel que a Aninha me deu! Caiu... fui dizendo soluçando, mas ela não me deixava falar nada, gritando comigo e dando tapas e me chamando de irresponsável. Aí aconteceu algo que me assustou mais ainda, uma mulher puxou minha mãe pelo braço falando alto e mandando ela parar de me bater, de gritar comigo, que a irresponsável era ela e não eu. Parei de chorar na hora, apesar de muito assustada, pra defender a mamãe daquela louca quando ela se abaixou ao meu lado falando comigo baixinho, pra me acalmar:
- Como é seu nome?- Nina.
- Quantos anos você tem?
- Seis.
- Nina, não chora não, viu? Você não estava errada em querer pegar o seu anel que caiu, não. Errada é a sua mãe que atravessa a rua com uma criança e o sinal fechado! Você tá vendo ali aquele homenzinho vermelho no sinal? Então! Da próxima vez que você for atravessar a rua com sua mãe, olha se ele está verde... SÓ PODE ATRAVESSAR COM ELE VERDE, VIU? Não que você tivesse que saber isto, mas nunca se sabe se você vai estar acompanhada de uma mãe irresponsável e maluca que ainda começa a te agredir pelo erro dela! Olha, ele tá verde agora, tá vendo? Vem comigo, vamos achar seu anel!
E me puxou pelo braço, ignorando minha mãe que olhava pra ela do mesmo jeito que olha pro papai quando ele fica no futebol tomando cerveja com o pessoal do trabalho... encontrou o anel e me entregou, me trazendo de volta pra mamãe e foi embora, assim, depois de me dar um beijo na cabeça. Saiu falando que era um absurdo que certo tipo de gente tivesse filhos, e mais um monte de coisas que não ouvi direito. Mamãe me deu outro safanão.
- Tá vendo, Dona Nina, o que a senhora me faz passar? Olha a vergonha que passei com aquela maluca por sua causa! Vê se toma mais cuidado de agora em diante e...
Eu parei de escutar e fiquei pensando que seria bom se no mundo tivesse mais gente maluca assim. Minha mãe podia ser maluca assim...
P.S.: A menininha da história é real. A mãe é real. A história é real. A única coisa irreal é a maluca, porque na hora pensei que eu não tinha que me meter com a idiota que protagonizou a cena acima junto com a filhinha dela. Acho que teria sido melhor ser maluca do que ser covarde.
2 comentários:
Sempre acho isso, mãe. Odeio gente sendo escandalosa com crianças... Beijo
Com certeza foi melhor ser maluca, Lu.
Beijo!
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