quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bipolar

Eu queria o mundo, mas tenho medo da saudade. O que conheço é tão pouco e a falta que me faz, gigantesca. Muitas vezes penso que não me cabe.
Sinto saudades das cores, dos cheiros, dos sabores. Das pessoas, dos risos, dos momentos. Dos sons. Dos sotaques. Dos olhares.
Para cada quilômetro andado, mil saudades novas. É tanta que não sei bem como lidar com ela. Quero ir para frente, conhecer mais, ver mais. Mas também quero voltar, visitar outra vez, ver de novo.
Queria ser duas. Ou mais. Com destinos difusos, confusos, oblíquos. Sem caminho certo, mas sempre no caminho. Feliz.

"A gente só leva da vida a vida que a gente leva." (Tom Jobim)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Novela mexicana




Ontem, tarde da noite. Estávamos Cintia e eu em casa, eu no quarto, ao telefone, e a Cintia assistindo tv. De repente a Jane chega, cara de bêbada. Continuo no telefone. Ouço choros no quarto ao lado. A Cintia vem e me pergunta se tenho remédio para enjoo. Jane passou da conta. Mostro onde está, ela leva para Jane. O choro continua.
Desligo e vou ao quarto dela, para entender o que está acontecendo.
- Jane, o que você bebeu?
- Caipirinha e cerveja.
- Ela até vomitou, Paula.
Não via a Jane desde quinta-feira passada, exatamente uma semana atrás. Ela não apareceu em casa durante toda a semana, acredito que pelo pedido que lhe fiz.
Parênteses para explicar.
Aconteceram algumas coisas, nos últimos meses, no mínimo curiosas lá em casa. E eu e a Cintia observamos que a responsável era a Jane. Então, pedi que ela procurasse outro lugar para morar. É claro que a situação não ficou das melhores, mas ela teve a reação mais politicamente planejada do mundo. Tanto que, no outro dia, me chamou para ir para a casa dela no final de semana. Enfim...
Ontem, depois de uma semana sem aparecer e com o celular desligado, a Jane chegou, naquele estado. Sentei na cama dela e a abracei, e vi a cena mais... forçada que já havia visto.
A mão da Jane morreu quando ela tinha 13 anos. Uma vez contei que a vi chorando de saudade da mãe. Até aí, normal.
Mas ontem foi forçado. Sério.
Ela chorava, quase gritando. "Paula, traz a minha mãe de volta. Eu deixo você levar a Isa, mas traz ela de volta".
Parênteses de novo. Isa é a irmã mais nova dela. A irmã que veio do segundo casamento do pai, depois que a mãe morreu. A irmã que ela cria como se fosse filha, apesar de morar com a mãe, em São Paulo, e que ela canta, aos quatro ventos que é a cara e o jeito dela. Que tem tudo dela e só dela. Mais uma vez, enfim...
Eu pedia para ela se ajeitar, mas ela não saia do meu colo. Dizia para levantar e ela dizia 'não'. E continuava chorando e quase gritando. Perguntava se queria outro remédio, um calmante, água... 'não', e continuava a cena.
Ficou assim até a Cintia me ajudar a levantá-la de cima de mim e colocá-la direito na cama. Em menos de cinco minutos parou de chorar.
Aí me pego pensando... como pode, gente, ser assim?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

E você, por que não se mataria?

Volta do almoço, paramos, eu e Lucas, meu amigo, para tomar um sorvete na padaria.
- Paula, por que você não se mataria?
Cara de espanto. A pergunta não tinha absolutamente nada relacionado com a conversa.
- Ué, porque eu gosto da minha vida...
- Ah, não, sem clichês. Por que?
- Meu, porque eu tenho medo de morrer. Porque eu quero viver mais de 100 anos e não tenho porque acabar com ela antes. E porque eu gosto da minha vida, ora bolas.
- Tá, mas sem o usual, por que você não se mataria?
- Lucas, por um monte de coisas. Que coisa!
- Eu não me mataria por sorvete, por exemplo. Se eu morresse eu não ia mais poder sentir o gosto de sorvete. E é tão bom!
...
Ok, Lucas, eu concordo!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...