sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Novela mexicana




Ontem, tarde da noite. Estávamos Cintia e eu em casa, eu no quarto, ao telefone, e a Cintia assistindo tv. De repente a Jane chega, cara de bêbada. Continuo no telefone. Ouço choros no quarto ao lado. A Cintia vem e me pergunta se tenho remédio para enjoo. Jane passou da conta. Mostro onde está, ela leva para Jane. O choro continua.
Desligo e vou ao quarto dela, para entender o que está acontecendo.
- Jane, o que você bebeu?
- Caipirinha e cerveja.
- Ela até vomitou, Paula.
Não via a Jane desde quinta-feira passada, exatamente uma semana atrás. Ela não apareceu em casa durante toda a semana, acredito que pelo pedido que lhe fiz.
Parênteses para explicar.
Aconteceram algumas coisas, nos últimos meses, no mínimo curiosas lá em casa. E eu e a Cintia observamos que a responsável era a Jane. Então, pedi que ela procurasse outro lugar para morar. É claro que a situação não ficou das melhores, mas ela teve a reação mais politicamente planejada do mundo. Tanto que, no outro dia, me chamou para ir para a casa dela no final de semana. Enfim...
Ontem, depois de uma semana sem aparecer e com o celular desligado, a Jane chegou, naquele estado. Sentei na cama dela e a abracei, e vi a cena mais... forçada que já havia visto.
A mão da Jane morreu quando ela tinha 13 anos. Uma vez contei que a vi chorando de saudade da mãe. Até aí, normal.
Mas ontem foi forçado. Sério.
Ela chorava, quase gritando. "Paula, traz a minha mãe de volta. Eu deixo você levar a Isa, mas traz ela de volta".
Parênteses de novo. Isa é a irmã mais nova dela. A irmã que veio do segundo casamento do pai, depois que a mãe morreu. A irmã que ela cria como se fosse filha, apesar de morar com a mãe, em São Paulo, e que ela canta, aos quatro ventos que é a cara e o jeito dela. Que tem tudo dela e só dela. Mais uma vez, enfim...
Eu pedia para ela se ajeitar, mas ela não saia do meu colo. Dizia para levantar e ela dizia 'não'. E continuava chorando e quase gritando. Perguntava se queria outro remédio, um calmante, água... 'não', e continuava a cena.
Ficou assim até a Cintia me ajudar a levantá-la de cima de mim e colocá-la direito na cama. Em menos de cinco minutos parou de chorar.
Aí me pego pensando... como pode, gente, ser assim?

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