segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ser Absolutamente Moderno

Imagine a situação: no carro, na volta do colégio, a Claudinha dirigindo, eu no banco da carona, o Matheus e o Tomas no banco de trás. Então o Matheus fala que, enquanto a gente não chegava para buscar eles, o Tomas ficou tacando pedra numa menina lá. Depois de a Claudinha expressar todo o seu horror perante tal atitude e de a minha pessoa zombar do "momento Amy Winehouse" do Tomas que nos vem a explicação: gíria.
Sim, isto mesmo, gíria.

Caraca, me senti velha. Velhona, mesmo. Idosa. Bah.

Aí você me pergunta, mas... Por que tacando pedra? Que diabos tem isso a ver com o fato de que o Tomas estava "cantando" a pobre menininha (sim, é esta a tradução, meus companheiros idosos, acreditem) ... ???
Eu te respondo: nada. Não para mim, pelo menos. Pra mim isso é totalmente non sense, mas... (É ÓBVIO que eu não perguntei o que era isso, não queria ouvir um "Ai, Maya, nada, deixa queto", mas eu saquei neh...)

"É preciso ser absolutamente moderno." Eu pensava isso (e, de certa forma, ainda penso) quando era eu a adolescente. É preciso que os nossos pais não nos entendam, e é preciso que eles aceitem que nós somos diferentes. É preciso quebrar regras, é preciso romper com o passado, com o clássico, com o que já é comum. É preciso, porque nós temos que mudar.
Mas, sabe? O tempo passa. E aquilo que era novo já é antigo; aquilo que era absolutamente moderno já está ultrapassado.

"É preciso ser absolutamente moderno." Esta frase eu tirei de um livro (que não é nada moderno; deve ter uns 30 anos ou mais). E é incrível como o personagem que possui esta frase como lema (e que reaparece em outro romance mais tarde) é um completo vazio. Ser absolutamente moderno implica ser totalmente aberto ao que é novo, mesmo que este novo não nos agrade; mesmo que seja o oposto daquilo que se ama.

Mas ninguém quer se sentir ultrapassado, claro. Só que, para não se sentir assim é necessário que se abra mão de tanta coisa...

Minha vó uma vez me disse: "na minha época tatuagem era coisa de marinheiro e prostituta". (detalhe: eu tinha acabado de fazer a minha tatoo) Putz, na época eu fiquei com raiva. Sim, e daí que era coisa de prostituta? A época dela já tinha passado faz tempo, se ligue! Mas algum tempo depois eu percebi... Ela fez uma escolha - e, ao meu ver, a escolha mais difícil -; ela escolheu não abrir mão daquilo que ela julgava bom e do que ela julgava mal; ela escolheu não trair suas crenças só para conseguir viver melhor com aqueles que vieram depois dela. Ela escolheu não desmontar suas bases só para ser cool.

Acho que é por isso que eu gosto e admiro as pessoas mais velhas. A maioria delas escolheu não mudar enquanto o mundo muda, e isto é um ato de coragem.

...

( Tacando pedra. Pode? )

3 comentários:

Paula de Assis Fernandes disse...

Mayinha, eu realmente acho que vc tem um Q de humanas... Você escreve mto bem!!!
=)
Eu realmente nao sei o que tem a ver a tal da giria, mas sempre eh bom neh... eh fase, e fase da gente eh mais massa que a dos outros... =)
hehehe
Mayinha, amei teu texto, amo como vc desenvolve a historia, amo tudo em vc!!!
Saudade demais, do tamanho do mundo!!!
:***

Lucemary disse...

Rapaz... fico feliz de ver que voce se sentiu como eu muito antes do que eu imaginava... risos...
e nem sempre permanecer igual eh sinal de coragem, muitas vezes eh fruto da inercia e do medo, hum hum?
...
Amei o texto. Amo seu jeito de escrever. Independente do fato de amar voce.
:)

Lucemary disse...

Rapaz... fico feliz de ver que voce se sentiu como eu muito antes do que eu imaginava... risos...
e nem sempre permanecer igual eh sinal de coragem, muitas vezes eh fruto da inercia e do medo, hum hum?
...
Amei o texto. Amo seu jeito de escrever. Independente do fato de amar voce.
:)

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